O Hip Hop não mudou de cara: deu só uma maquiada. Por entre becos e esquinas do Brooklyn, ou estúdios de New Orleans, uma febre parece instalar-se entre as (aparentemente) inflexíveis bases que sustentam o rap.
Nem manos, nem minas: são as monas as peças fundamentais que dão suporte à nova vanguarda do rap. Se antes as discussões em torno da vivência em guetos, discriminação e identidade eram atualizações de bandeiras levantadas por ícones como Aretha Franklin, Martin Luther King e grupos como Black Panthers, a temática do corpo, da soberania da liberdade sexual e das discussões sobre a diferença ganham espaço relevante no rap, lançando por terra o machismo, a homofobia e o binarismo comumente presente nos discursos de magnatas da black music, tais como Eminem e Fifty Cent.
Se, até então, as mais visíveis interações entre a cultura gay hip hop apresentavam-se através de expressões de pouca criatividade ( o homo rap é uma delas) e declarações polêmicas de personagens como Frank Ocean ( que logo após ter seu grupo associado a incitações homofóbicas declarou ser um homem o grande amor de sua vida) o Queer Rap deseja muito mais, ao reivindicar a legítima influência da arte Camp, da iconografia New Wave e da estética do vídeo amador para afirmar que não somente " black is beautiful", mas "Queer is cool".
Big Freddia - Celebrado em
públicações como Village Voice e The New York Times, este rapper transexual é
um dos grandes representantes da bounce music, desdobramento do hip hop surgido
em New Orleans.
Outros representantes
THEESatisfaction - Integrando
influências do R&B ao rap, as garotas do THEESatisfaction são talvez as
mais badaladas expressões do rap alternativo. Muito de sua popularidade está no
fato do grupo pertencer ao selo Subpop, que, no passado, lançou ao estrelato
bandas como Nirvana, Jesus and Mary Chain e hoje é a gravadora das paulistanas
do CSS.
Mykki Blanco - performer,
artista e poeta, Michael Quattlebaum Jr ( ou Mykki Blanco, para iniciados)
faz um rap experimental, uma decisão pouco usual que chega às raias do bizarro.
Suas influências precedem sua reputação artística: Anais Nin, Jean Cocteau,
Vaginal Davis e movimentos como riot grrrl e o
Queercore de Bruce Labruce.
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Texto publicado no jornal O Estado do Maranhão, edição de 17 de agosto de 2013
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